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Estudo mostra como o Brasil pode reduzir em até 38% a emissão de carbono na produção de trigo

Escrito por DigiFarmz | Apr 22, 2025 11:12:37 AM

Um estudo pioneiro realizado pela Embrapa revelou que o trigo produzido no Brasil apresenta níveis de emissão de carbono inferior à média mundial, indicando caminhos concretos para reduzir ainda mais as emissões de gases de efeito estufa. A análise, feita em lavouras e indústria moageira do Sudeste do Paraná, apontou que a adoção de práticas sustentáveis e tecnologias, já disponíveis, pode diminuir em até 38% o impacto ambiental da produção de trigo no País.

Publicada no periódico científico Journal of Cleaner Production, a pesquisa é a primeira na América do Sul a estimar as emissões de carbono na cultura do trigo desde o cultivo até a produção de farinha. Também foi o primeiro estudo do tipo, nessa cultura, em ambiente subtropical. O índice médio brasileiro ficou em 0,50 kg de dióxido de carbono equivalente (CO₂eq) por quilo de trigo produzido — abaixo da média global, estimada em 0,59 kg.

  

Fertilizantes nitrogenados são principais emissores de CO2

A pesquisa apontou os fertilizantes como o principal fator de emissão de carbono na triticultura. O maior impacto está na emissão de óxido nitroso (N₂O) gerado durante a aplicação de uréia, fertilizante capaz de emitir 40% dos gases de efeito estufa envolvidos na produção de trigo. Segundo a pesquisa, a substituição desse fertilizante pelo nitrato de amônio com calcário (CAN), pode reduzir a emissão de carbono em 4%.

 Fertilizantes à base de CAN ajudam a neutralizar a acidez do solo devido ao seu conteúdo de cálcio”, explica a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente (SP) Marília Folegatti. Segundo ela, outras tecnologias também devem ser consideradas para reduzir a dependência de fertilizantes sintéticos e minimizar impactos ambientais, como biofertilizantes, biopesticidas, fertilizantes de liberação lenta e nanofertilizantes. 

 

Sustentabilidade e perspectivas para a produção de trigo

No contexto mundial, os dados existentes indicam que as emissões  de carbono na produção de trigo variam de 0,35 a 0,62 kg de CO₂ por kg de grãos, dependendo das condições climáticas e das práticas agrícolas adotadas. A média global está estimada em 0,59 kg de CO₂ para cada kg de grãos de trigo produzidos.

O Brasil apresenta uma posição favorável nesse contexto. Na média final, as emissões  de carbono situam-se em 0,50 kg CO2 para cada kg de trigo produzido, número inferior ao registado na China (0,55), na Itália (0,58) e na Índia (0,62). “Ainda podemos evoluir. O estudo indica que, com um conjunto de ajustes, nossos números podem se aproximar de referências como Austrália e Alemanha, que possuem indicadores próximos a 0,35 kg CO2", avalia Álvaro Dossa, analista da Embrapa Trigo (RS). De acordo com o artigo, nos cenários estudados, utilizando tecnologias já disponíveis, as emissões de carbono do trigo brasileiro podem ser reduzidas em 38%.

 

(Fonte: Joseani Antunes/ Embrapa Trigo)