Os modelos meteorológicos mais recentes apontam uma tendência para a formação do fenômeno La Niña entre o final de 2025 e o início de 2026, com maior probabilidade de consolidação entre os meses de outubro e novembro deste ano. De acordo com a NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos), há cerca de 70% de chance de que o evento se estabeleça no final de 2025 e permaneça ativo durante boa parte de 2026.
Essa perspectiva acende um alerta — e, ao mesmo tempo, uma oportunidade — para produtores e consultores agrícolas em todo o Brasil. Entender o que a La Niña representa e antecipar seus impactos pode ser o diferencial entre uma safra desafiadora e uma colheita bem-sucedida.
O La Niña é um fenômeno climático caracterizado pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial, o que altera os padrões de circulação atmosférica e a distribuição de chuvas em diferentes partes do planeta.
No Brasil, seus efeitos costumam ser bem marcantes:
É importante lembrar que os efeitos da La Niña variam de intensidade e duração, dependendo da força do fenômeno e das condições locais de solo, altitude e umidade.
Riscos e desafios para a safra 2025/26
Com base em experiências anteriores, o retorno da La Niña traz um cenário de contrastes. No Sul, a falta de chuva pode comprometer o plantio e o enchimento de grãos da soja, milho e trigo, além de aumentar o risco de geadas tardias. Já nas regiões Centro-Oeste e Norte, as chuvas mais bem distribuídas podem favorecer o desenvolvimento inicial das lavouras, embora o excesso de umidade exija mais cuidado com doenças fúngicas.
O maior desafio para o produtor brasileiro, portanto, será planejar o manejo agronômico de forma regionalizada e flexível, levando em conta as previsões climáticas atualizadas e o comportamento histórico da propriedade.
Práticas agronômicas recomendadas em períodos de La Niña
Diante de um cenário de maior incerteza climática, algumas medidas se tornam fundamentais:
Planejamento e tecnologia: aliados indispensáveis
Em um cenário de La Niña, decisões tardias custam caro. O planejamento deve começar antes da semeadura, com o uso de informações meteorológicas confiáveis e o apoio de ferramentas tecnológicas que transformem esses dados em recomendações práticas.
Na DigiFarmz trabalhamos para que produtores e consultores tenham acesso a modelos agronômicos inteligentes, capazes de indicar as melhores janelas de plantio, híbridos mais adequados e alertas de risco climático e fitossanitário. Em períodos de alta variabilidade, como o que se aproxima, essa integração entre ciência e tecnologia é fundamental para manter a rentabilidade e a sustentabilidade das lavouras.
Um olhar à frente
A chegada da La Niña não deve ser encarada apenas como uma ameaça, mas como uma oportunidade para aprimorar o manejo e fortalecer a resiliência das propriedades rurais.
A agricultura moderna é, cada vez mais, uma combinação de conhecimento técnico, dados e planejamento estratégico. Antecipar-se às mudanças climáticas, adotar boas práticas de manejo e usar ferramentas de apoio à decisão não é apenas uma recomendação — é o caminho para garantir que cada colheita continue contando uma história de sucesso, mesmo diante dos desafios do clima.
Ricardo Balardin
CSO & Founder da DigiFarmz
Engenheiro agrônomo, mestre em Fitotecnia/Fitopatologia e Ph.D. pela Michigan State University