Cientistas do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) identificaram uma proteína produzida pelo fungo Fusarium graminearum que consegue neutralizar mecanismos de defesa das plantas hospedeiras. O achado, publicado na plataforma científica bioRxiv, revela o papel crucial da proteína denominada FgCYP_NO no processo infeccioso desse patógeno, que causa a giberela – uma das principais doenças que afetam culturas como trigo, cevada e milho.
O estudo mostra que a FgCYP_NO atua como uma "efectora", isto é, uma proteína liberada pelo patógeno para vencer a reação imune da planta. Especificamente, ela interfere na ativação de óxido nítrico (NO), uma molécula-chave nas defesas vegetais. Ao inibir a produção de NO, a FgCYP_NO permite que o fungo se estabeleça mais facilmente nos tecidos vegetais.
"A inibição da resposta de óxido nítrico representa uma estratégia poderosa do patógeno para evitar o reconhecimento e a reação da planta", explicam os autores. Os experimentos conduzidos mostraram que plantas com níveis reduzidos de NO se tornaram mais suscetíveis à infecção por Fusarium.
A giberela causa sérios prejuízos econômicos na agricultura ao afetar a produção e a qualidade dos grãos, além de promover a produção de micotoxinas perigosas à saúde humana e animal. A nova descoberta fornece pistas importantes para o desenvolvimento de variedades de plantas resistentes ou de fungicidas mais eficazes.
Para os pesquisadores, a identificação da FgCYP_NO é um passo significativo para compreender como o Fusarium graminearum supera as barreiras naturais de defesa vegetal. “Trata-se de um alvo promissor para futuras estratégias de controle biotecnológico e químico da doença”, concluem.