A primeira aplicação define a colheita: por que o manejo inicial de doenças é o ponto decisivo da safra

Ricardo Balardin explica por que o manejo inicial de doenças é o ponto decisivo da safra e como a primeira aplicação define a produtividade. Entenda como a DigiFarmz ajuda o produtor a agir no momento certo, com precisão e rentabilidade.


Em um ano em que o fator financeiro pesa mais do que nunca nas decisões do produtor, a lógica do “gastar menos” pode se tornar um risco silencioso quando aplicada ao manejo fitossanitário. O alerta vem de quem há décadas estuda, ensina e assessora estratégias de controle de doenças no campo: o engenheiro agrônomo, mestre em Fitotecnia e Ph.D. em Fitopatologia pela Michigan State University, Ricardo Balardin, hoje CSO & Founder da DigiFarmz Smart Agriculture. Em sua avaliação, o que muitos enxergam como economia pode se transformar em prejuízo definitivo, e tudo começa com o ponto mais crítico do programa de fungicidas: a primeira aplicação.

Balardin afirma que, em um ciclo agrícola desafiador, a resposta técnica não é reduzir o controle, mas torná-lo mais preciso. E isso significa entender o que está em jogo nas primeiras aplicações, especialmente aquela que ele define como “a aplicação que zera o inóculo”. Um conceito simples, mas frequentemente negligenciado.

Segundo ele, o produtor muitas vezes interpreta a ausência de sintomas como sinônimo de lavoura limpa. “Essa é uma armadilha visual”, diz. A planta pode parecer saudável, mas isso não significa que está livre de patógenos. Na verdade, é exatamente nesse momento silencioso que a infecção está sendo estabelecida, e quando o controle decide se será preventivo ou reativo. “A primeira aplicação é fundamental porque é ela que reduz o inóculo inicial, aquele que vem da palha, da semente ou da parte aérea. Se eu permito que esse inóculo se estabeleça, o jogo sai da minha mão.”

O que o especialista reforça é que o combate ao inóculo não pode esperar pela presença visível da doença. Quando o produtor finalmente vê o dano, a perda já está em curso e parte da produtividade já foi comprometida de forma irreversível. “Se eu não faço o controle inicial, esse inóculo que entrou pode até ser pequeno, mas vai crescendo. E quando me dou conta, uma parcela importante da área foliar já foi perdida.” A partir daí, entra outro equívoco comum: acreditar que o fungicida reverte o dano.

“Os fungicidas protegem, eles não eliminam o dano. Eles não devolvem folha perdida. Quando a folha está tomada pelo patógeno, ela não se regenera. E isso é crucial entender: manejo tardio não devolve produtividade.”

A lógica da perda acumulada

Balardin associa esse erro técnico a um raciocínio financeiro que o produtor conhece bem, mas nem sempre aplica às doenças. A cada dia em que uma aplicação necessária é adiada, ele estima perdas que podem variar de 15 a 30 kg de soja por hectare - um impacto diário, silencioso e acumulativo. Ao final do ciclo, isso pode significar de 3 a 5 sacas por hectare perdidas. “Quando o produtor percebe, está colhendo menos, gastando o mesmo e acreditando que o problema foi o produto quando, na verdade, foi o momento.”

O especialista também reforça que, embora a primeira aplicação seja determinante, nem tudo está perdido quando ela não foi feita no momento ideal. Segundo ele, ainda é possível ajustar o programa de aplicações para as demais intervenções. “Se eu já fiz a primeira aplicação, ainda posso usar uma ferramenta que me ajude a posicionar a segunda, a terceira. Não vai ter o mesmo benefício de um programa planejado desde o início, mas ainda assim ajuda.”

A lógica é clara: quanto antes o produtor traz a estratégia de volta para seu controle, menor o dano acumulado. “O jogo tem de vir para a tua mão. E isso só acontece quando o posicionamento das aplicações é técnico, não emocional, não baseado em ‘esperar mais um pouco’.”

A falsa economia e o custo invisível

Em seu relato, Balardin reforça um ponto que ele vê com frequência no campo: o produtor que “economiza” uma aplicação acreditando estar reduzindo custos, quando, na verdade, está abrindo mão de rentabilidade. Para ele, a pergunta correta não é “quanto custa aplicar?”, mas “quanto custa não aplicar quando é necessário?”. O prejuízo, nesse caso, não aparece na nota fiscal, ele aparece na colheita.

Esse tipo de decisão, segundo ele, é ainda mais comum em anos de pressão financeira, quando o produtor sente que precisa “segurar gastos”. Mas, para Balardin, é exatamente nesses anos que o produtor não pode errar no manejo, porque cada saca perdida tem valor ainda maior. “Se o produtor está em um ano difícil, é aí que ele precisa ser mais preciso, não menos. Um ano de margem estreita não permite desperdício de produtividade.”

Ele reforça ainda que a lavoura é uma conta acumulativa, e o que é deixado de fazer no início nunca será totalmente compensado depois. Manejo corretivo, no caso de doenças foliares, sempre custa mais e devolve menos. “Quando o produtor diz ‘agora vai’, o fungicida já não tem o que proteger. Ele está aplicando para tentar salvar o que sobrou.”

A mudança de mentalidade no manejo

Ao longo dos anos, Balardin observou uma evolução importante no entendimento do manejo fitossanitário, mas afirma que ainda existe uma lacuna entre o conhecimento técnico e o comportamento de campo. “O produtor já entendeu que doença não é algo pontual, é processo. Mas ainda falta compreender que o sucesso não está só no produto, está no manejo. O mesmo fungicida que salva a lavoura no estádio certo vira um fungicida caro e frustrante quando aplicado tarde demais. Ações complementares de rotação cultural, cultivos de cobertura, adubações corretivas acabam por favorecer o comportamento da planta que passa a responder de forma melhor ao controle químico.”

O ponto central é que a estratégia de controle precisa começar antes do problema, não depois. E isso exige abandonar a lógica do “olhar e decidir” e substituí-la pela lógica da previsão: uma tomada de decisão orientada por risco e não por sintomas visíveis. “Quando você vê a doença, você está vendo a consequência. E no manejo, você precisa agir na causa.”

Essa abordagem, segundo ele, não é apenas agronômica, mas estratégica. E ela depende de informação precisa, tempestiva e convertida em ação. “O que o produtor precisa não é de mais dados, é de clareza. Ele precisa saber quando agir e por quê.”

Quando a tecnologia vira parte da resposta

É nesse ponto que Balardin conecta o conceito que defendeu por toda sua vida ao que se tornou sua principal frente de trabalho: transformar conhecimento em decisão por meio de soluções digitais. Sem exagero nem tom comercial, ele resume o papel da DigiFarmz como uma ferramenta que ajuda o produtor a não perder o ponto crítico da janela de aplicação e, com isso, proteger o potencial de produtividade antes que ele se perca.

A plataforma atua justamente onde o erro mais acontece: no posicionamento das aplicações. Ela interpreta o risco de doença, o momento ideal, a pressão do inóculo, a condição da lavoura e orienta o melhor uso dos produtos disponíveis. Não há troca de insumo, não há recomendação genérica, não há imposição de marca. A tecnologia se adapta ao programa do produtor, não o contrário. “O que a DigiFarmz faz é ajudar você a ter o melhor benefício dos produtos que já comprou. Seja qual for a marca, vamos ajustar o programa de controle usando o que você tem no galpão.”

Balardin resume o propósito da solução em três verbos: proteger, otimizar e rentabilizar. O objetivo não é fazer o produtor aplicar mais é fazê-lo aplicar no momento certo e com o retorno máximo possível. “Nosso papel é ajudar a proteger sua lavoura, ajudar você a ganhar dinheiro, ajudar você a extrair o melhor do investimento que já fez.”

E finaliza com o que considera a síntese da relação entre técnica, estratégia e resultado: “No manejo de doenças, quem perde o timing perde a safra. A agricultura não reembolsa atraso.”

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